Reconhecimento internacional: Falcão se candidata a presidente da Associação Internacional da Praticagem

O presidente do Conselho Nacional de Praticagem (Conapra), Ricardo Falcão, é candidato a ocupar uma das vice-presidências da Associação Internacional de Práticos (Internacional Maritime Pilots Association-IMPA), em eleição que acontecerá em meados de abril, no Panamá. Eleito, Falcão irá manter a tradicional participação de práticos brasileiros na entidade. Atualmente o ex-presidente do Conapra, Otávio Fragoso é o vice-presidente senior da IMPA, posição que deixará no mês de abril, após oito anos de mandato.

Antes o Brasil já teve entre os membros do comitê executivo o prático Hélcio Kerr como vice-presidente, também por oito anos e o prático Siegberto Schenk como Conselheiro Técnico por quatro anos. As importantes posições ocupadas consecutivamente por brasileiros, confirmam a excelência e o prestígio da Praticagem do Brasil. Como se sabe, a IMPA representa os práticos na Internacional Maritime Organization (IMO), órgão das Nações Unidas (ONU) que regulamenta o tráfego marítimo e a segurança da navegação mundialmente.

Criada Federação dos Práticos do Brasil

Em busca do fortalecimento da categoria dos práticos, a recém-criada Federação Nacional de Praticagem (agosto de 2013) vai trabalhar em sintonia fina com o Conselho Nacional de Praticagem (Conapra). A Federação será o braço sindical dos práticos para dar suporte aos profissionais, especialmente neste momento em que o governo ameaça intervir na atividade, atentando inclusive contra a Constituição. Já o Conapra continuará cumprindo seu papel técnico e de assessoramento, representando os práticos juntos às autoridades governamentais e setores ligados ao meio marítimo.

Conapra e Associação de Terminais discutem produtividade

Depois de um distanciamento histórico, a instalação de uma mesa de negociação entre a Associação Brasileira dos Terminais Portuários (ABTP) e o Conselho Nacional de Praticagem, em fevereiro, caminha para marcar uma nova etapa de entendimentos que poderá trazer benefícios as dois lados.

Os objetivos da ABTP, de buscar maior produtividade para os terminais portuários, vão ao encontro dos anseios da Praticagem do Brasil. O Conapra tem batido na mesma tecla recorrentemente de que o estrangulamento e falta de eficiência dos terminais residem nos problemas históricos de infraestrutura e falta de regulamentação adequada. A palavra de ordem é produtividade, diz o presidente do Conapra, Ricardo Falcão. Ele declarou, depois da reunião, estar convencido de que o presidente da ABPT, Wilen Manteli, está aberto ao diálogo e demonstrou entender como realmente funciona a profissão dos práticos.

Práticos de Santos mostram rapidez ao desafogar tráfego do porto

Um incidente no final de janeiro deu destaque à agilidade e eficiência dos profissionais que atuam no Porto de Santos, o mais movimentado do país.

A bóia 4, da entrada do canal de navegação, se deslocou acidentalmente. O tráfego no porto ficou suspenso por 13 horas. Quando a bóia foi reposicionada, a Praticagem de Santos levou apenas quatro horas para manobrar os 16 navios que estavam parados, desafogando completamente o tráfego. Quando isso acontece os práticos precisam “bater bumbo” para que a sociedade entenda a importância do nosso trabalho.

Um certo dragão que surgiu no mar

Na longínqua manhã de 30 de agosto de 1881, um mulato, jangadeiro, conhecido na região como o ‘Chico da Matilde’, unido à causa abolicionista, liderou uma paralisação de condutores de pequenas embarcações no porto de Fortaleza, Ceará. Sua atitude mudaria a história da luta contra a escravidão, ao mesmo tempo em que mostraria ao Brasil a importância de um trabalho pouco conhecido da sociedade, mas fundamental para a movimentação econômica do Brasil: a praticagem.

Francisco José do Nascimento nasceu em 15 de abril de 1839, na praia de Canoa Quebrada, no Ceará. De origem pobre, começou a trabalhar bem cedo, após a morte de seu pai. Com apenas oito anos, já era “garoto de recados” em navios. Sua mãe, Maria Matilde da Conceição, de quem herdou o apelido ‘Chico da Matilde’, sem recursos para sustentar suas vidas, contava com o trabalho do menino para ajudar nas despesas de casa.

Chico então, crescendo entre navios negreiros e de mercadorias, tornou-se prático. E foi graças ao seu trabalho que ele pode naquele dia dar o primeiro sinal dos novos tempos que se avizinhavam para o Ceará. De fato, sua ação causou impacto nos principais portos do país. Ao fechar o porto de Fortaleza e comunicar aos navios a sua decisão, proclamou: “Não há força bruta neste mundo que faça reabrir o porto ao tráfico negreiro!”. Três anos depois e quatro antes da assinatura da Lei Áurea, o Ceará abolia a escravidão.

Em 25 de março de 1884, ovacionada por uma multidão, a jangada de Francisco, então batizada com o nome de Liberdade, desfilou pelas ruas do Rio de Janeiro. Em cima dela seguia o ‘Chico da Matilde’ que, longe de imaginar, se transformaria em herói do movimento abolicionista brasileiro. No auge daquele momento, sem conter seu entusiasmo, o jornalista e escritor Aluísio de Azevedo, rebatizou Francisco.
Nascia o Dragão do Mar.